- Não confio
nesse duque, mas creio que vai se derreter quando tiver sua filha nos braços.
Então é melhor levá-la pra ele e ver o que acontece – disse Manffer se
levantando da cadeira e logo sendo seguido por seus companheiros rumo ao tão
esperado descanso.
Com os primeiros
raios de sol a comitiva partiu em direção da caverna. Os passos lentos e
ritmados dos cavalos atraia a atenção da população da cidade que observava o
clima pesado que os aventureiros enfrentavam. O grupo seguia ao meio de duas
fileiras de soldados muito bem armados. Eram vinte soldados bem treinados para
cada aventureiro, e não pareciam felizes ou bem dispostos a escolta-los. A sua
frente eram guiados por Looth, o ferreiro.
A cidade
alimentava os sentimentos de curiosidade e de ansiedade. Durante todo o longo
percurso do castelo até os portões da muralha se podia escutar, diziam em
segredo com medo de repreensão suposições como: “será que finalmente vão
resgatar a pobre Kithy?” ou menos esperançosos como: “será mais uma tentativa
inútil, ela já deve estar morta!” ou “ela não está na caverna, ela fugiu, é o
que dizem alguns”. Esses eram os comentários mais comuns inaudíveis que corriam
nas ruas da grande cidade.
Mardem era
conhecida há muito tempo como Mar de Aço, uma história tão antiga quanto suas
muralhas. Uma terra fértil para ferreiros, como diziam há muitos anos. Seu solo
firme e compactado, escuro como as pedras que guardavam a cidade não nascia o
menor fio de grama, não tinha colheita de hortaliças, nem a menor lavoura, ela
vivia de ferro. Grande parte dos homens que possuíam saúde trabalhava nas
minas, um trabalho que sempre foi duro, e lucrativo apenas para os senhores.
A cidade exalava
cheiro de ferro enferrujado. Apenas no centro onde estava à estátua do grande
Dermer, o ferreiro, se mantinha limpa e livre de sucata. Manffer ao passar do
grande monumento tão querido da cidade, reparou como estava bem cuidada a fonte
que ficava aos pés da estatua, tentou se aproximar dela, mas logo levou um olhar
severo de um dos soldados que o fez desistir da ideia.
Ao passar dos
grandes portões continuaram a marcha lenta por um longo deserto de pedra que
cercava a cidade, as planícies de ferro como era conhecida, por causa da
semelhança das pedras com o ferro bruto. Um grande deserto em todas as direções
que fazia a localização da cidade estratégica e vantajosa nas batalhas. As
grandes torres que protegiam os muros possuíam catapultas com alcance superior,
com uma grande característica impar, arremessava esferas de ferro que em seu
interior guardava lâminas que com o impacto se espalha por todas as direções
sendo ainda mais mortal e temível. Ao longo da planície possuíam as torres de
vigias, armada e fortificada para aguentar grandes impactos, sempre foi muito
eficaz contra cercos, eram como escudos avançados para a cidade.
A floresta que se
iniciava com o final do deserto era densa, só as árvores com raízes fortes e
profundas conseguiam sobreviver. Seguiram por entre a floresta em direção ao
ultimo lugar onde Kithy foi vista, a tão temida caverna. Não eram trocadas
nenhuma palavra, só olhares preocupados. A cada passo em direção ao lugar, os
soldados ficavam apreensivos e desconfortáveis, pareciam que iriam hesitar e
desertar a qualquer momento, até mesmo os cavalos se mostravam relutante a
avançar. Era uma viagem curta, mas poucos sabiam o caminho, somente os
moradores da região conheciam. A floresta que a cercava era imprevisível,
poucos ousavam circular seus arredores com medo do guerreiro de aço, mesmo
tendo nenhum relato que ele tenha sido visto dentro ou fora da caverna. Perto
de mais para guardar uma lenda que os assustavam tanto.
Não foi difícil
chegar à entrada da caverna, era uma região que o ferreiro dominava bem os
caminhos, não mostrou nenhuma duvida por qual caminho seguir.
- Chegamos! – Disse
Looth, o ferreiro. – Esta é a caverna.
A entrada da
caverna era escondida. Não era maior que as árvores que a cercava, era como uma
grande porta que só poderia descer. A pedra de onde parece ter sido esculpida a
entrada que ficava na superfície não havia muita profundidade acima do solo.
- Vamos entrar –
disse o ferreiro acendendo as tochas.
Os quatro
aventureiros entraram sendo guiados pelo ferreiro deixando todos os soldados
acampados do lado de fora.
- Parece ser uma
caverna normal – observou Zalian tocando nas paredes.
- E como
imaginava que seria? – perguntou o ferreiro.
- Não sei. Algo
como toda feita de ferro. Ou mais assustadora. No momento ela só é escura.
- Não subestime
essa caverna, garoto. Muitos que entraram não saíram.
- Então porque trouxeram
a filha do duque para este lugar? Não tinha um melhor não?
- Isso que
estamos tentando descobrir.
Não podia se ver
o final da caverna mesmo com o longo caminho em linha reta que seguiam. O
caminho era único até encontrarem a primeira bifurcação.
- Por aqui! – O
ferreiro mal parou para pensar onde deveriam seguir.
Continuaram
andando onde parecia outro caminho sem fim, mas enfrente encontraram outras
bifurcações que o ferreiro seguia como se dominasse o local.
- Me falaram que
você é um mago? – Perguntou o ferreiro a Zalian – definitivamente você não
parece um mago.
- Talvez seja a
falta de uma barba longa.
- Não apenas
isso. Suas roupas, sua pouca idade, sua arma... Você é que chamam de artimago?
- Sim. Muito de
mago e ainda mais de artista. – Zalian alisava sua vestimenta vermelha viva,
leve e larga o suficiente para ter liberdade em seus movimentos. Seu bastão
dourado cuidadosamente ornado com símbolos em alto-relevo reluzia com a luz do
archote que carregava na mão direita.
- E você
conseguiria criar bolas de fogo?
- E também
controlo dragões, crio tempestades com um estalar de dedos, destruo montanhas
com o olhar, essas coisas que todo mago sabe fazer.
O ferreiro não
soube como reagir à ironia de Zalian, mesmo ela sendo tão descarada a julgar
por sua expressão de zombaria.
- Magia é bem
rara de se ver. Vemos apenas truques que dizem ser magia, e mesmo assim com
pouca frequência. – o ferreiro seguiu uma nova direção, novamente como se
tivesse em suas próprias terras. – Deve ser útil ter essas habilidades, como
encantar armas.
- Pode ter
certeza que sim.
- Talvez seja
melhor pararem de conversar, podem nos escutar – disse Manffer preocupado por não saber onde
poderiam estar indo. – Pelo visto você conhece muito bem essa caverna.
- Quando era
jovem eu me aventurava nessa caverna à procura do guerreiro de aço.
- Pelo visto não
encontrou – disse Barthrer – ainda está vivo – e sorriu.
- Não tem nenhum
sinal de rastros por onde passamos. Como tem certeza de que estamos indo na
direção correta? – quis saber Tharyn.
- Estamos
chegando, senhora.
- Onde?
- Você logo vai
saber.
O bárbaro
levantou o ferreiro pelo pescoço com apenas uma das mãos e o pressionou contra
a parede.
- Eu não estou
gostando desse mistério! Responda a pergunta enquanto ainda pode.
- Me parece que
estamos dando voltas – observou Manffer encarando o ferreiro. – Como pode
conhecer tão bem essa caverna?
- Responda! – O
bárbaro pressionou ainda mais sua garganta antes de solta-lo no chão.
- Eu já disse...
– tentou recuperar o folego Looth. – Já caminhei muito por esses tuneis. E
estou levando vocês para um lugar onde podem ter levado a filha do duque.
- Parece que
todos os caminhos são iguais – relatou Tharyn.
- Acho que vão
precisar de mim para voltar.
Um barulho
estrondoso de metal caindo ao longe ecoou em toda a caverna. Por um instante tudo
tremeu com o ruído.
- O que foi isso?
– Perguntou Zalian e todos se voltaram para onde vieram, onde pareceu ter vindo
o som.
Quando olharam
novamente para frente o ferreiro não estava mais entre eles, havia sumido na
escuridão deixando sua tocha no chão.
- Maldito
desgraçado!
Outro estrondo
pareceu vir de mais perto que foi acompanhado de uma forte corrente de ar que
apagou as tochas deixando-os na completa escuridão. Em seguida um ainda mais
perto e mais estrondoso.
- Acender as
tochas e esperar para ver o que se aproxima
- Acender as
tochas e correr para tentar alcançar o ferreiro
- Acender as
tochas e correr para fugir do que for que esteja fazendo o barulho.
- Correr para longe sem acender as tochas
- Correr para longe sem acender as tochas
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcender as tochas e esperar para ver o que se aproxima.
ResponderExcluirPode ser só um comparça do ferreiro safado que largou eles lá que esteja querendo assustá-los pra fazer eles desistirem.
Se for mesmo o guerreiro de aço, aí eles saem correndo...