22 de out. de 2014

O Guerreiro de Aço #04


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#04


Eu tenho uma proposta muito melhor – começou a dizer Manffer – que tal dobrarmos o pagamento inicial proposto?

- Está louco?! Você não ouviu o duque?! – Exclamou Asalam, o castelão. – Estejam certos que apenas o perdão é ainda muito mais que merecem!

- Vocês precisam muito de nós. Existe um agravante que não foi muito bem esclarecido. Se fosse uma tarefa fácil seus próprios soldados já teriam feito, já teriam entrado na caverna e resgatado a pobre donzela. Vocês temem a caverna, ou o que tem dentro.

Os soldados paralisaram por um breve momento dando a confirmação para Manffer continuar:

- O guerreiro de aço é uma lenda muito antiga. Quem seria capaz de encontra-lo e escapar? Como dizem: “a morte revestida de aço”. Essas são as palavras entoadas nas canções. Então vejo que somos a única esperança de salvação para sua nobre filha, e temos que ir o quanto antes.

O silêncio seguiu causando uma serie de sentimentos indecifráveis no duque.

- E quem garante que podem fazer isso? – Cuspiu as palavras ele.

- Vai precisar confiar em nós.

Manffer observou todos a sua volta. Viu Zalian segurando o riso e piscando discretamente para o guerreiro, Tharyn continuava imóvel e atenta, pronta para qualquer ação. O duque pensava o que dizer, não queria aceitar seu acordo, afinal o bárbaro ainda pressionava uma lâmina em sua garganta.

- Barthrer, pode soltar o duque. Precisamos dele vivo para recebermos nosso pagamento.

O bárbaro hesitou por um momento, mas soltou Thormer em sinal de trégua.

- Você está louco se pensa que pagarei o dobro do proposto! – Se ajeitava o duque e pressionava o pequeno ferimento no pescoço que já havia estancado o sangramento se afastando do bárbaro.

- Não tenho vocação para ser mercenário, fui criado pela honra e treinado entre nobres, mas seria o preço justo para enfrentar uma lenda. O dobro do valor inicial.

- Para mim parece um verdadeiro mercenário – zombou Asalam. – Suas palavras ofendem essas terras. Ousa dizer que não temos coragem? Soldados!

Todos os soldados se preparam para o ataque. O duque já estava longe do bárbaro a salvo de ser usado como escudo, quando o próprio Thormer levantou sua mão em sinal de ordem para não atacar.

- Meus melhores soldados já entraram naquela caverna e não voltaram. Como podem garantir que resgatarão minha filha?

- Se não voltarmos nunca mais se preocupará conosco, e será também uma má notícia para vós. Terá que confiar e torcer...

- O valor inicial e mais um quarto.

- Mas meu senhor, meus homens podem fazer!

- E POR QUE AINDA NÃO FIZERAM?!

Com o grito do duque todo o salão silenciou fazendo Asalam ficar imóvel.

- O valor inicial e mais três quartos – disse Manffer quebrando o silêncio tumular que havia se instalado.

- Mais dois quartos e é minha ultima proposta – definiu o duque. – E TRAGAM MINHA FILHA DE VOLTA!

- Acho que chegamos a um acordo. Partiremos amanhã com a chegada dos primeiro raios de sol. Precisaremos de todo tipo de informação, principalmente onde se localiza a caverna.

- O ferreiro irá com vocês – disse Asalam pigarreando. – Meus homens vão escolta-los até a entrada da caverna e aguardaremos o retorno de vocês.

- Será uma Honra.

Manffer fez uma reverência polida para o duque e saiu seguido por seus companheiros, mas não sem receber o olhar severo de Asalam. Os soldados abriram caminho em direção ao portão principal. O castelão não havia gostado nem um pouco do desdobrar da negociação, e principalmente por ter ouvido a verdade sobre seus soldados. Ninguém mais ousava entrar na caverna, todos os corajosos que se aventuraram jamais voltaram. Mas o que mais lhe feriu foi à ação do duque, era ódio que ele sentia, estava claro em seus olhos.


***

A cidade que se abrigava a sombra das muralhas do duque estava silenciosa naquela noite. O movimento nas ruas as margens do castelo se resumia a sons abafados de botas de soldados. Poucas luzes permaneciam acesas, uma exceção era a taverna Cavalo Dourado, suas velas iluminava o lugar malcheiroso e maltratado, talvez a pior taverna da cidade, mas possuíam a coragem suficiente para se manter funcionando mesmo nos tempos difíceis que enfrentavam.

Em uma das mesas estavam os quatro aventureiros observando o pouco movimento incomum para uma cidade daquele porte.

- Só eu acho que isso não está cheirando bem? – Disse Zalian.

- Também acho que esse duque vai nos enganar. – Barthrer encostou sua caneca vazia na mesa com força, mas evitando fazer barulho.

- Não digo pelo duque, nem pela filha dele. Digo por todos esses soldados que parecem estar se preparando para uma guerra.

- Também não acho que seja por causa do desaparecimento da filha...

Manffer observava a taverna que estava parcialmente cheia e continuou:

- Não vou me surpreender se estiverem planejando um ataque. Quando chegamos havia muitos recrutas treinando nos pátios. E uma cidade grande como essa não se cala facilmente. Quanto menos tempo ficarmos nessas terras melhor.

- Em falar nisso, Você fez o duque ficar na sua mão, tinha que ver a cara do castelão. – Zalian não conseguiu segurar o riso.

- Fale baixo. – Alertou Tharyn – Estamos sendo vigiados.

Zalian olhou para os lados tentando reconhecer quem poderia estar os vigiando.

- Está vendo aqueles quatro homens que estão sentados perto do balcão? São soldados. – Continuou Tharyn.

- Hum...

- Têm mais dois sentados no fundo do salão. Dois na escada, três em pé perto da porta, esses não param de olhar para nós.

Zalian ergueu seu caneco em comprimento para os soldados que estavam na porta os vigiando.

- Saúde!

- Tem mais do lado de fora. Estão nos seguindo dês que saímos do castelo do duque – completou a informação Manffer.

- Por mim já estaríamos longe, não quero fazer negócios com esse verme.

- Calma, Barthrer. Acredito que já não temos escolha. Agora temos que ir até o fim.

- E o que faremos com a filha dele? Ele não vai nos pagar! Eu sei.

- Eu estou com Barthrer, esse duque vai nos enganar – disse Zalian sussurrando seguindo o conselho de Tharyn em tom de zombaria. – Podemos salva-la e sequestra-la e só a entregarmos com o dinheiro em mãos.

- Os soldados vão estar nos esperando na entrada da caverna. Como passaríamos por eles? – Manffer não gostava dessa ideia, mas também não confiava no duque.

- Eu posso criar uma distração. E se conseguirmos chegar à floresta estaremos em vantagem.

- Por mim – Começou a dizer o bárbaro – atrairíamos todos os soldados para dentro da caverna e abateríamos um por um. E faríamos da nossa forma a negociação.

- E o tal guerreiro de aço? – Tharyn perguntou olhando para Manffer por não conhecer a lenda.

- Bem... É uma lenda muito antiga. Minha vó me contava quando anda era uma criança – disse Manffer – não era minha preferida e muito menos a dela. O que lembro era que há muito tempo viveu um clã que era conhecido por serem os melhores ferreiros de Mehra. Com o passar dos anos sua fama se espalhou, mas eles ficaram cada dia mais obcecados pelo aço, ferro e qualquer material que podiam usar para forjar armas e armaduras. Chegando ao estremo de começar guerras para alcançar melhores matérias primas. Passaram a ser temidos, e o conselho dos magos da época resolveu intervir para frear essa obsessão jogando sobre eles uma grande maldição: “o vento corroer, a água enferrujar e o fogo ruir” foi o que disseram. Eles juntaram seus poderes fazendo todos do clã unir seus corpos com o aço de suas armaduras transformando toda sua carne em aço puro. Deixaram-nos vulneráveis a todos os elementos da natureza principalmente o vento, a água e o fogo. Assim eles se esconderam em cavernas e foram caçados até nunca mais serem vistos. É o pouco que me lembro da lenda. Ela não é muito popular.

- E agora dizem que mora um guerreiro de aço nessa caverna e levam donzelas para sacrifica-las? – Perguntou Zalian.

- Se existe o guerreiro de aço ou não eu não sei, mas o medo dos soldados é real.
- Um bom agravante – riu do desafio o bárbaro.

- E o que faremos com a filha do duque? – perguntou Tharyn – precisamos definir agora, amanhã a vigilância será maior.





- Levar para o duque e pegar a recompensa acertada

- Sequestra-la e entrega-la quando receber o dinheiro


- Atrair os soldados para dentro da caverna e ataca-los e negociar da forma que quiserem




               * Coloque nos comentários como deseja que continue a história.







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Um comentário:

  1. Não confio nesse duque, mas creio que vai se derreter quando tiver sua filha nos braços. Então é melhor levá-la pra ele e ver no que dá.

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