16 de set. de 2014

Eu Sou o Mestre #04



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#04


- Vamos nos esconder para observar melhor – disse Thales.

Os três entraram na floresta cautelosos. Estavam assustados, não queriam ver o Mestre, ou algo pior que poderia estar se esgueirando no silencio da noite. A mata era curta, não parecia um lugar desabitado, mas não havia trilhas, muito menos pegadas ou rastros de qualquer coisa viva.

Não se escutava nada. Do alto continuaram a observar a grande cidade que parecia não ter fim. Sem dúvida um dia foi uma metrópole. Seus destroços indicavam seu tamanho. As avenidas cortavam seu interior, muitas já estavam completamente fechadas pelos entulhos de construções derrubadas. Carros abandonados no meio das ruas indicavam que não estavam esperando sua ruína.

Nenhum movimento, apenas o som de um graveto se quebrando atrás deles.

- Vocês escutaram isso? – Sussurrou Lys.

- Não escutei nada. Deve ser excesso de medo, sua cagona.

- Eu também escutei – confirmou Thales.

- Pode ter alguém se escondendo.

- Vamos descobrir! – Levantou Caio sem se importar com o silencio que dominava o local. – Não podemos ficar com todo esse medo, esse cara nem mostrou alguma arma, nem se tinha alguém com ele. Ele só se esconde, é um covarde que me pegou desprevenido, só isso.

- O som parece ter vindo daquela direção. – Apontou Thales para a direita deles, a direção oposta do corredor de onde haviam saído.

- Não acredito que vocês vão ver?

Antes de Lys terminar de falar Caio e Thales já estavam se dirigindo a direção do barulho para investigar, Lys não ficou longe, seguiu com eles.

O lugar estava silencioso como um cemitério exceto pelo barulho dos seus passos. O som teria vindo de trás de uma grande árvore. Caio fez um sinal para Thales ir pelo outro lado para cercar o que tivesse se escondendo.

Com uma contagem silenciosa com os dedos da mão os dois deram o bote e se surpreenderam por não terem encontrado nada.

- Falei que era excesso de medo...

- Esperem. – Disse Thales pegando no chão um graveto quebrado. – Algo esteve aqui.

- Deve ser apenas um animal, ou apenas caiu da arvore agora.

- Ele ainda deve estar nos observando... – Lys estava olhando em todas as direções procurando por sinais de alguma presença, se aproximou de Thales esperando o pior. - Será que só eu estou sentindo que estou sendo observada?

- É melhor sairmos daqui. – disse ele compartilhando do temor de Lys.

- Vocês realmente estão com medo? Eu quero ser um pesadelo para ele, esse otário vai se arrepender!

Continuaram andando por entre as árvores quando escutaram outro som que vinha da direção contrária de onde se dirigiam. Pararam imediatamente e olharam, tentaram enxergar, não teria como reconhecer o que teria feito o som, não era nada comum para eles, algo havia se esticado, ou isso foi o que pareceu.

Apressaram o passo, mas algo parecia que se deslocava rapidamente pela floresta. Começaram a correr até que pararam de escutar. Estavam ainda mais perdidos, deslocados, nunca haviam estado em uma floresta de verdade, a mato alto estava fazendo eles se coçarem, estavam levemente cortados nas partes do corpo onde não estava coberto por roupas.

- Agora você escutou? – Disse Thales tentando recuperar o folego.

- Parou de repente, parou de repente! Vocês escutaram?

- Deve ser seu excesso de medo... – Disse Lys e os três riram.

Continuaram andando após descansarem até algo se mover por entre os matos. A tensão correu por suas veias novamente.

- APAREÇA LOGO! Seu idiota! – Gritou Caio para o espanto de Lys.

- Não se movam! – Veio uma voz por trás deles.

Viraram-se lentamente e viram uma mulher apontando uma flecha na direção deles. Ela estava vestida com roupas antigas que lembravam trajes medievais, uma espada cingia sua cintura. Suas roupas gastas e sujas combinavam com seus longos cabelos loiros desgrenhados.

- Era só o que faltava! – Ironizou Caio – Isso aqui não é lugar para fazer cosplay menina.

A mulher disparou uma flecha que passou bem perto da cabeça de Caio.

- Cale-se! Não se movam ou não será a árvore meu alvo.

- Você está doida?! – Caio partia para cima dela quando Thales o fez parar o segurando. Ela estava pronta para disparar uma segunda fecha.

- Joguem suas armas no chão!

- Não temos armas, só estamos perdidos – disse Lys.

- Para onde ele foi?

- Ele quem, sua louca?

- O que se veste igual a vocês.

- Quem? – Perguntou Thales mantendo suas mãos para cima.

- O que parece com vocês, o verme. Falem agora!

A mulher esticou mais a corda do seu arco e Caio revirou o olho em desprezo.

- Verme? Deve estar querendo dizer o Mestre ou o que ele diz ser. Também quero saber, se achar ele me diz para eu arrebentar a cara desse otário.

- Foi isso o que ele me disse. Quem ele é?

- Também estamos tentando saber – disse Thales relaxando um pouco.

- Quem são vocês?

- Eu sou Thales, esses são Caio e Lys. Quem é você?

- Não importa – disse a mulher abaixando seu arco.

- Acho que estamos na mesma situação. Acho que podemos nos ajudar – insistiu Thales.

- Então me digam o que são aquelas construções? Onde nós estamos? Digam tudo sabem sobre esse bruxo.

- Os prédios? Também não sabemos. E não sabemos nada dele além que ele se auto intitula o Mestre.

- Prédios? – Estranhou a mulher sem entender o significado da palavra, repetia em voz baixa para não parecer ignorante.

- Como você veio parar aqui?

- É uma longa história... Podem me chamar de Hynna.

Disse ela andando por entre as árvores.

- Espere, para onde você está indo?

- Vocês fazem muito barulho, seremos pegos facilmente, e vocês só iriam me atrasar.

Eles seguiram Hynna pela floresta tentando acompanhar seu ritmo até chegarem ao final da parte arborizada. Viram um carro destruído há muito tempo. Era um modelo que ainda se vê nas ruas nos dias de hoje, mas parecia que já estava naquele lugar há muito mais tempo.

- O que é isso? – Perguntou Hynna.

- Um carro?... – Respondeu Lys.

- É uma espécie de carruagem – completou Thales entendendo a dificuldade de Hynna.

- Não acredito que você vai realmente acreditar que ela veio de um mundo medieval! Era só o que faltava.

Hynna olhou Caio e ele por um instante percebeu que ela não estava entendendo o que estava acontecendo tanto quanto eles, e principalmente, que ela não estava para brincadeiras, mas também reparou seus olhos castanhos e sua beleza simples e cativante, estava suja, mas ainda era bela. Seu olhar o paralisou.

- Eu vou para a os prédios. Se quiserem me acompanhar, tentem não me atrapalhar, ou fazer barulho – Hynna observava as marcas antigas de pneus no chão. Algumas marcas eram novas outras muito antigas, todas estavam se dirigindo para a cidade.

- Mas de onde você vem - perguntou Thales.

- Eu disse sem barulho.

Hynna começou a andar seguindo os rastros dos carros como se fossem pegadas sem esperar resposta.




- Ir com Hynna até a cidade
- Ir para a cidade sem Hynna
- Ir para outro lugar



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