27 de dez. de 2014

O Guerreiro de Aço #05



PRIMEIRO CAPÍTULO                                         CAPÍTULO ANTERIOR


#05

- Não confio nesse duque, mas creio que vai se derreter quando tiver sua filha nos braços. Então é melhor levá-la pra ele e ver o que acontece – disse Manffer se levantando da cadeira e logo sendo seguido por seus companheiros rumo ao tão esperado descanso.

Com os primeiros raios de sol a comitiva partiu em direção da caverna. Os passos lentos e ritmados dos cavalos atraia a atenção da população da cidade que observava o clima pesado que os aventureiros enfrentavam. O grupo seguia ao meio de duas fileiras de soldados muito bem armados. Eram vinte soldados bem treinados para cada aventureiro, e não pareciam felizes ou bem dispostos a escolta-los. A sua frente eram guiados por Looth, o ferreiro.

A cidade alimentava os sentimentos de curiosidade e de ansiedade. Durante todo o longo percurso do castelo até os portões da muralha se podia escutar, diziam em segredo com medo de repreensão suposições como: “será que finalmente vão resgatar a pobre Kithy?” ou menos esperançosos como: “será mais uma tentativa inútil, ela já deve estar morta!” ou “ela não está na caverna, ela fugiu, é o que dizem alguns”. Esses eram os comentários mais comuns inaudíveis que corriam nas ruas da grande cidade.

Mardem era conhecida há muito tempo como Mar de Aço, uma história tão antiga quanto suas muralhas. Uma terra fértil para ferreiros, como diziam há muitos anos. Seu solo firme e compactado, escuro como as pedras que guardavam a cidade não nascia o menor fio de grama, não tinha colheita de hortaliças, nem a menor lavoura, ela vivia de ferro. Grande parte dos homens que possuíam saúde trabalhava nas minas, um trabalho que sempre foi duro, e lucrativo apenas para os senhores.

A cidade exalava cheiro de ferro enferrujado. Apenas no centro onde estava à estátua do grande Dermer, o ferreiro, se mantinha limpa e livre de sucata. Manffer ao passar do grande monumento tão querido da cidade, reparou como estava bem cuidada a fonte que ficava aos pés da estatua, tentou se aproximar dela, mas logo levou um olhar severo de um dos soldados que o fez desistir da ideia.

Ao passar dos grandes portões continuaram a marcha lenta por um longo deserto de pedra que cercava a cidade, as planícies de ferro como era conhecida, por causa da semelhança das pedras com o ferro bruto. Um grande deserto em todas as direções que fazia a localização da cidade estratégica e vantajosa nas batalhas. As grandes torres que protegiam os muros possuíam catapultas com alcance superior, com uma grande característica impar, arremessava esferas de ferro que em seu interior guardava lâminas que com o impacto se espalha por todas as direções sendo ainda mais mortal e temível. Ao longo da planície possuíam as torres de vigias, armada e fortificada para aguentar grandes impactos, sempre foi muito eficaz contra cercos, eram como escudos avançados para a cidade.

A floresta que se iniciava com o final do deserto era densa, só as árvores com raízes fortes e profundas conseguiam sobreviver. Seguiram por entre a floresta em direção ao ultimo lugar onde Kithy foi vista, a tão temida caverna. Não eram trocadas nenhuma palavra, só olhares preocupados. A cada passo em direção ao lugar, os soldados ficavam apreensivos e desconfortáveis, pareciam que iriam hesitar e desertar a qualquer momento, até mesmo os cavalos se mostravam relutante a avançar. Era uma viagem curta, mas poucos sabiam o caminho, somente os moradores da região conheciam. A floresta que a cercava era imprevisível, poucos ousavam circular seus arredores com medo do guerreiro de aço, mesmo tendo nenhum relato que ele tenha sido visto dentro ou fora da caverna. Perto de mais para guardar uma lenda que os assustavam tanto.

Não foi difícil chegar à entrada da caverna, era uma região que o ferreiro dominava bem os caminhos, não mostrou nenhuma duvida por qual caminho seguir.

- Chegamos! – Disse Looth, o ferreiro. – Esta é a caverna.

A entrada da caverna era escondida. Não era maior que as árvores que a cercava, era como uma grande porta que só poderia descer. A pedra de onde parece ter sido esculpida a entrada que ficava na superfície não havia muita profundidade acima do solo.

- Vamos entrar – disse o ferreiro acendendo as tochas.

Os quatro aventureiros entraram sendo guiados pelo ferreiro deixando todos os soldados acampados do lado de fora.

- Parece ser uma caverna normal – observou Zalian tocando nas paredes.

- E como imaginava que seria? – perguntou o ferreiro.

- Não sei. Algo como toda feita de ferro. Ou mais assustadora. No momento ela só é escura.

- Não subestime essa caverna, garoto. Muitos que entraram não saíram.

- Então porque trouxeram a filha do duque para este lugar? Não tinha um melhor não?

- Isso que estamos tentando descobrir.

Não podia se ver o final da caverna mesmo com o longo caminho em linha reta que seguiam. O caminho era único até encontrarem a primeira bifurcação.

- Por aqui! – O ferreiro mal parou para pensar onde deveriam seguir.

Continuaram andando onde parecia outro caminho sem fim, mas enfrente encontraram outras bifurcações que o ferreiro seguia como se dominasse o local.

- Me falaram que você é um mago? – Perguntou o ferreiro a Zalian – definitivamente você não parece um mago.

- Talvez seja a falta de uma barba longa.

- Não apenas isso. Suas roupas, sua pouca idade, sua arma... Você é que chamam de artimago?

- Sim. Muito de mago e ainda mais de artista. – Zalian alisava sua vestimenta vermelha viva, leve e larga o suficiente para ter liberdade em seus movimentos. Seu bastão dourado cuidadosamente ornado com símbolos em alto-relevo reluzia com a luz do archote que carregava na mão direita.

- E você conseguiria criar bolas de fogo?

- E também controlo dragões, crio tempestades com um estalar de dedos, destruo montanhas com o olhar, essas coisas que todo mago sabe fazer.

O ferreiro não soube como reagir à ironia de Zalian, mesmo ela sendo tão descarada a julgar por sua expressão de zombaria.

- Magia é bem rara de se ver. Vemos apenas truques que dizem ser magia, e mesmo assim com pouca frequência. – o ferreiro seguiu uma nova direção, novamente como se tivesse em suas próprias terras. – Deve ser útil ter essas habilidades, como encantar armas.

- Pode ter certeza que sim.

- Talvez seja melhor pararem de conversar, podem nos escutar – disse Manffer preocupado por não saber onde poderiam estar indo. – Pelo visto você conhece muito bem essa caverna.

- Quando era jovem eu me aventurava nessa caverna à procura do guerreiro de aço.

- Pelo visto não encontrou – disse Barthrer – ainda está vivo – e sorriu.

- Não tem nenhum sinal de rastros por onde passamos. Como tem certeza de que estamos indo na direção correta? – quis saber Tharyn.

- Estamos chegando, senhora.

- Onde?

- Você logo vai saber.

O bárbaro levantou o ferreiro pelo pescoço com apenas uma das mãos e o pressionou contra a parede.

- Eu não estou gostando desse mistério! Responda a pergunta enquanto ainda pode.

- Me parece que estamos dando voltas – observou Manffer encarando o ferreiro. – Como pode conhecer tão bem essa caverna?

- Responda! – O bárbaro pressionou ainda mais sua garganta antes de solta-lo no chão.

- Eu já disse... – tentou recuperar o folego Looth. – Já caminhei muito por esses tuneis. E estou levando vocês para um lugar onde podem ter levado a filha do duque.

- Parece que todos os caminhos são iguais – relatou Tharyn.

- Acho que vão precisar de mim para voltar.

Um barulho estrondoso de metal caindo ao longe ecoou em toda a caverna. Por um instante tudo tremeu com o ruído.

- O que foi isso? – Perguntou Zalian e todos se voltaram para onde vieram, onde pareceu ter vindo o som.

Quando olharam novamente para frente o ferreiro não estava mais entre eles, havia sumido na escuridão deixando sua tocha no chão.

- Maldito desgraçado!

Outro estrondo pareceu vir de mais perto que foi acompanhado de uma forte corrente de ar que apagou as tochas deixando-os na completa escuridão. Em seguida um ainda mais perto e mais estrondoso.



- Acender as tochas e esperar para ver o que se aproxima
- Acender as tochas e correr para tentar alcançar o ferreiro
- Acender as tochas e correr para fugir do que for que esteja fazendo o barulho.
- Correr para longe sem acender as tochas






              * Coloque nos comentários como deseja que continue a história.













2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Acender as tochas e esperar para ver o que se aproxima.
    Pode ser só um comparça do ferreiro safado que largou eles lá que esteja querendo assustá-los pra fazer eles desistirem.
    Se for mesmo o guerreiro de aço, aí eles saem correndo...

    ResponderExcluir