7 de abr. de 2016

Educação ou morte!

A Educação Brasileira passa por desafios que são frutos de décadas de más escolhas. Não é necessário ser um especialista em educação para saber que a área não vai bem.

Eu sou professor há quase dez anos, nessa breve experiência acumulei observações e algumas reflexões sobre o assunto e, é sobre isso que vamos tratar neste artigo.

Acredito que a maioria das pessoas já saibam dos rankings da educação brasileira e o quanto estamos mal. Mas vou colocar alguns deles aqui para contextualizarmos.

 

A Educação Brasileira precisa de mais investimento! Mas será que isso significa apenas mais dinheiro?

Posso garantir que não é falta de dinheiro que fez nossa educação chegar ao ponto que estamos. Como disse anteriormente, é fruto de décadas de más escolhas, fruto de muitos governos diferentes.

Mas neste artigo não pretendo abordar sobre o passado, sobre os eventos que levaram a educação brasileira chegar ao ponto que está.

Neste artigo vamos falar sobre reflexões e possíveis ações para o futuro.

 

Minha experiência de professor

Atualmente sou formando em Letras. Já trabalhei em vários setores da educação e em várias escolas diferentes. Trabalhei em escolas públicas e particulares, dei aula em colégios de horário integral, fui professor de uma turma de alunos com altas habilidades e superdotação (que merece um artigo só para o assunto), trabalhei na secretaria de uma escola, já fiz função de inspetor de aluno, fui professor em projetos como Mais Educação e, também de projetos de cursos livres de desenho, dentre outras experiências.

Acredito que tenho algumas considerações a fazer sobre este tempo dedicado a educação e, quero propor algumas possíveis melhorias, com base no que vivenciei diariamente e até hoje vivencio (ainda dou aula).

 

Mas primeiro vamos entender os pilares da educação brasileira e depois algumas possíveis soluções.

 

Considero que nossa educação possui três pilares que influenciam diretamente no desenvolvimento dos alunos dentro e fora da escola.

Os baixos salários dos professores são apenas parte do problema e mesmo que solucionado, não resolveria o problema atual da educação.

A meu ver a educação brasileira está indo na direção errada e não importa quanto dinheiro se invista, a direção continuará errada. Há melhorias a cada ano, mas está longe de ser o ideal.

 

Os 3 pilares de uma boa educação:

 

1 – Família

 

Esse é um ponto polêmico, mas fundamental para a solução do problema.

Muitos pais acham que a escola é um depósito de criança e que os professores vão ensinar tudo o que é necessário, mas na realidade os professores não têm condições de ensinar bons modos a todos os alunos.

Imagine você em uma sala com umas 30 ou até mesmo 40 crianças e, algumas com uma péssima educação, sem saber respeitar o professor, sem saber que é necessário manter o silêncio ou até mesmo ficar sentado e escutar. Em um cenário desse, é possível dar uma aula de qualidade?

Muitos professores, com um esforço heroico conseguem, mas está longe de ser o ideal.

Não adiantaria muito o professor ganhar 5 mil, 10 mil reais se em sala os alunos não sabem se comportar, não entendem a importância dos estudos e de respeitar o professor e seus colegas de turma.

É responsabilidade da família (dos responsáveis pela criança) dar a educação básica sobre respeito e bons modos, saber se comportar em uma escola, da mesma forma que deve ensinar a andar, a se alimentar, a falar e etc.

O bom comportamento em sociedade deve vir primeiro dos pais e a escola reforçá-lo.

A cidadania, a moral e a ética começam em casa.

É muito difícil ensinar quem não quer aprender. E é muitas vezes o maior desafio dos professores.

Acredito que a parte mais desgastante de ser professor é controlar uma turma lotada com alunos que não entendem a necessidade de estudar e, não precisa ser muitos alunos assim para dificultar a aula, apenas 1 aluno desinteressado pode criar muitos problemas para um professor.

Os alunos que têm maiores problemas em casa geralmente são os mais difíceis de lidar.

Perguntei alguns colegas de profissão e eles confirmaram minhas suspeitas. A falta de acompanhamento dos pais interfere diretamente no desenvolvimento da criança.

Acredito que não seja muito difícil de entender isso.

Por isso é fundamental que as famílias acompanhem os estudos de seus filhos, cobrem boas notas e principalmente um bom comportamento em sala de aula.

Se o aluno necessita de um acompanhamento educacional especial, deve ser feito o quanto antes, mas geralmente os maus alunos costumam ser assim por falta de educação mesmo, não são aqueles com necessidades educacionais especiais.

A educação começa em casa e continua na escola.

A escola vai ensinar a ler, escrever, ensinar matemática, geografia, física e etc.

Ensinar a se comportar em sociedade cabe a família.

Ensinar que não se deve quebrar o banheiro da escola é dever dos pais, ensinar que não se deve quebrar as cadeiras da sala também (infelizmente acontece com bastante frequência em escolas públicas), ensinar o respeito e a importância dos estudos começa em casa.

Não importa o quanto o governo invista dinheiro na educação, mas nada irá mudar se os alunos não quiserem estudar.

O comportamento deprimente de muitos alunos é um dos grandes problemas na educação e não tem como haver solução sem buscar resolver este problema.

Mas vamos ser justos, não é apenas na educação pública que temos alunos desrespeitosos e, também não são todos os alunos em escolas públicas que são ruins. Muitos alunos são excelentes, não tem como negar, mas os que não estão interessados em estudar acabam influenciando os outros alunos.

 

2 – Escola

 

Uma boa estrutura escolar faz toda a diferença na solução do problema.

A escola não é apenas paredes e telhados. Os profissionais precisam estar comprometidos com a responsabilidade que a educação exige.

Entendo perfeitamente o desânimo de muitos professores, a educação brasileira tem muitos problemas e um deles é a falta de valorização. O salário de um professor é baixo, e os desafios e as cobranças são gigantes.

Nós professores precisamos lidar com problemas que não fomos formados para resolver. Muitos sofrem violência, são ameaçados, perdem a voz por precisarem falar alto com uma turma barulhenta, perdem finais de semana preparando aulas e concluindo relatórios.

E tudo isso para ganhar um salário baixo comparado com outras profissões essenciais.

Precisam lidar com a boa vontade de políticos da região. Em escolas municipais existe muita rotatividade de profissionais contratados. Os concursos públicos podem parecer uma ótima solução, mas existem pontos negativos.

Os problemas internos de prefeituras e governos estaduais são complexos e desgastantes. Muito jogo de interesse, muita corrupção, muitas histórias terríveis demais para entrar em detalhes neste artigo.

Uma boa estrutura escolar é fundamental para a melhoria da educação brasileira.

Salas limpas, salários em dia, telhados sem goteiras, merendas de qualidade, entre outros exemplos. São questões fundamentais para uma boa estrutura da escola.

E acredite, muitas escolas não têm condições de oferecer este básico.

Profissionais comprometidos são conquistados com uma boa estrutura e valorização. Muitos profissionais da educação simplesmente desanimam, ficam esgotados e sem forças para manter o ímpeto de amor pela educação que tinham quando entraram na faculdade.

Muitos continuam firmes no propósito e vocação, mas tudo parece lutar contra eles. É necessário de uma ajuda de cima.

E assim vamos para o nosso terceiro pilar da educação.

 

3 – Governo

 

Quanto ao governo digo a estrutura pedagógica oferecida pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura). Com isso incluo bons livros didáticos, uma estrutura pedagógica que funcione, leis que protejam tanto os alunos quanto aos professores.

Há muito a se falar sobre como o governo pode ajudar a educação brasileira a melhorar, mas vou citar mais à frente quando falarmos sobre possíveis soluções.

Depois de décadas de sofrimento e descaso com a educação, não será fácil reverter à situação. E nesse ponto cabe a população votar em políticos comprometidos com bons ideais.

E não pense que me refiro apenas aos presidentes.

É fundamental escolher bem governadores e prefeitos.

Que talvez influenciem mais diretamente na educação escolar de seus filhos que o presidente da república (atual ou os próximos).

O MEC não tem o poder de impor medidas para os estados e municípios, ou pelo menos sua influência é bem mais limitada que muitos acreditam.

Governadores e prefeitos têm muita autonomia para desenvolverem seus projetos na educação, claro que dentro do que é permitido por leis.

Muitos acabam focando suas reclamações no presidente A ou B e, esquecem de cobrar os prefeitos de suas cidades.

Devemos cobrar a todos os políticos, não me entenda mal, mas cobrar os prefeitos e governadores sobre a educação pode ter melhorias muito mais significativas a curto e a médio prazo.

A educação brasileira tem pressa!

  • Mas o que podemos fazer para melhorar isso?
  • Primeiro entender o problema.
  • Segundo entender sobre as possíveis soluções.

 

Possíveis soluções para a educação brasileira:

Será que é necessário desenvolver um método novo revolucionário para melhorar a educação?

Não!

A solução pode não ser fácil, mas a lógica é simples.

Vou evitar entrar em questões mais técnicas. Vou focar na lógica do raciocínio para ficar mais acessível para todos.


Primeiro precisamos saber:

·         Por que os outros países têm bons resultados na educação e o Brasil não?

·         O que eles fazem que funciona e aqui não fazemos?

·         Quais textos teóricos eles leem?

São perguntas simples que podem fazer toda a diferença.

Se o Brasil está com seus índices de educação ruins, concorda que algo precisa ser mudado ou não?

Se algo não está funcionando precisa ser revisto e aperfeiçoado e, isso vale para qualquer área.

Por que insistimos tanto em manter a educação da forma que está? A meu ver, nossa educação parou na revolução industrial. Perfeita para formar pessoas iguais, dentro de uma média.

Mas hoje percebemos que os “diferentes” acabam ganhando uma boa valorização em suas carreiras profissionais.

Nas escolas as crianças não aprendem a ser criativos, a resolverem problemas reais (os de matemática ficam pelo caminho), não sabem liderar, não aprendem sobre economia e oratória.

Nosso currículo escolar tem melhorado, mas ainda foca em aprender assuntos que vão ser facilmente esquecidos pelo aluno ao terminar os estudos. Uma formação basicamente conteudista.

Ou pelo menos ensinam de uma forma pouco relevante e, isso ajuda a criar o desinteresse que comentamos no primeiro pilar da educação.


Algo precisa mudar!


Mas mudar para qual direção?

É uma pergunta fundamental e cabe muita discussão, mas vou ser breve e bem objetivo na minha resposta para essa pergunta.

O que funciona em outros países pode funcionar aqui. É óbvio, mas por que não colocamos em prática? Usar como exemplo países como Japão, Coreia do Sul, Inglaterra, EUA, pode ajudar a definir uma direção que já é eficiente.

Alguns talvez digam: “são países que a cultura é muito diferente da nossa” ou “são países de primeiro mundo, não tem como o Brasil fazer igual.”

E afirmo com toda certeza que é perfeitamente possível aplicar as boas práticas na educação de outros países. São questões técnicas com base em textos teóricos de profissionais renomados na educação.

Com a devida adaptação é possível aplicar tais conhecimentos.


Não é necessário reinventar a roda para resolver o problema da educação brasileira.


Mas mudanças precisam ser feitas.

Estou evitando entrar em termos técnicos, mas o professores brasileiros costumam usar métodos mais ligados ao construtivismo. Ele pode ser muito convincente, chega a ser poético, mas os resultados comprovam que não é tão eficiente quanto dizem.

E na educação recomenda-se variar os métodos na aula para estimular várias áreas de desenvolvimento.


Outro ponto fundamental para melhorar a educação é fortalecer a base.


Muitos alunos saem do ensino fundamental sem saber ler direito e, consequentemente não aprendem no ensino médio. Quais são as chances desse jovem passar em um vestibular para ingressar em uma universidade?

Os anos iniciais da educação são fundamentais para um bom desenvolvimento. E com base no que vi e observei, a educação infantil brasileira nas escolas públicas é fraquíssima. Professores são impedidos de ensinar conteúdos mais “avançados” porque algumas pessoas de secretarias municipais acham que as crianças não são capazes de aprender, usam a desculpa de que é muita informação.

Enquanto as crianças de escolas públicas mal aprender todo o alfabeto, crianças de colégios particulares estudam conteúdos mais aprofundados, desenvolvem muito mais rápido a leitura e a escrita. Chegam no primeiro ano com muito mais conhecimento.

E em casa de pessoas mais abastadas muitas vezes já sabem um segundo idioma.


Enquanto falam que ensinar conteúdo além do alfabeto para nossas crianças é muito, filhos de pessoas ricas aprendem a ler e escrever em dois idiomas.


Tem algo errado nessa história.

Claro que existe um limite para ensinar a uma criança em seu estágio de desenvolvimento, mas digo com base na educação pública do Rio de Janeiro, não ensinam o que poderiam ensinar.

E não é culpa dos professores, muitos querem reforçar o conteúdo, mas a ordem vem de superiores. Secretários de educação, ministros e, falo no âmbito estadual e municipal principalmente.

Algo precisa ser feito. Converse com pais que tiraram seus filhos pequenos de colégios públicos e matricularam em colégios particulares e veja os relatos das dificuldades para acompanhar a turma de início, depois de um tempo ele consegue acompanhar. Isso prova que não é falta de capacidade da criança e sim falta de informação e estímulo adequado.

Por que os colégios particulares desenvolve melhor seus estudantes que os colégios públicos? (Sei que há exceções, mas na média é isso).

 

E volto a pergunta:

O que os países nos primeiros lugares no ranking da educação fazem que nós não fazemos?

A resposta está na forma que eles educam seus filhos, na estrutura das escolas e no método apresentado pelo governo.

E também nos modelos teóricos que eles usam como base para sua metodologia de ensino.

 

E nós?

  • ·         O que estamos fazendo?
  • ·         O que estamos lendo?
  • ·         Tem funcionado?

 

A proposta deste artigo é a reflexão.

Diante dos argumentos apresentados, o que cada um pode fazer pela educação?

De fato é um desafio muito grande, mas é possível resolver.

Ou lutamos pela educação o quanto antes ou será cada vez mais difícil reverter os prejuízos.

 

#EducaçãoOuMorte!


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