#06
Zalian esfregou
as mãos suavemente proferindo palavras incompreensivas até elas estarem tomadas
por chamas. Acendeu as tochas de seus companheiros e deixou o fogo em suas mãos
pronto para atacar.
Os aventureiros
empunharam suas armas, prontos para o combate não importando o que fosse eles
estavam preparados para lutar.
A caverna pareceu
estremecer com um estrondo forte, e passos pesados se aproximavam deles.
- Esperem – disse
Manffer colocando a espada a frente.
Tharyn se afastou
um pouco de forma estratégica para ter um melhor ângulo com seu arco e flecha.
- LADRÃO!
Escutou-se alguém
gritar não de muito longe. Era uma voz grave e carregada de ódio.
- LADRÃO! –
Repetiu com ainda mais ódio.
- Se preparem.
Está chegando.
- LADRÃO! – E a
voz se aproximava.
Zalian aumentou a
intensidade das chamas em suas mãos e se preparou para atacar. O bárbaro jogou
sua tocha para frente a fazendo rolar para revelar quem estava vindo, e segurou
seu grande machado de guerra com as duas mãos.
-
LADRÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!
O grito veio
acompanhado com uma nova corrente de ar que fez apagar todas as tochas. Como
reflexo Zalian atirou uma bola de fogo na direção da voz. As chamas dominaram
onde aconteceu o impacto formando labaredas intensas de fogo. A caverna voltou
a se iluminar com a magia do jovem artimago, e os passos pararam. Zalian agora
estava apenas com a mão esquerda dominada pelo fogo.
Uma forma pode
ser vista atrás das chamas. Era algo grande, parecia estar revestido de uma
armadura pesada completa. Os detalhes ficaram ocultos nas sombras, apenas um
pouco mais que uma silhueta foi identificada. Estava cuidadosamente escondida
na escuridão aonde a luz do fogo não chegava completamente.
- Que merda é
essa? – O bárbaro apertou ainda mais forte o cabo de seu machado.
- Corre! – Gritou
Manffer.
Os aventureiros
não questionaram a ordem, começaram a correr para longe. Entraram em tuneis sem
imaginar onde terminariam, escolheram caminhos sem pensar, apenas fugiram para
longe. Não escutavam mais nenhum tipo de barulho, ou voz. Continuaram correndo
e escorregaram em uma descida íngreme e rolaram por vários metros para baixo no
escuro, Até finalmente pararem em solo plano e liso, parecia o piso de um
grande salão.
- O que era
aquela coisa? – Perguntou Zalian tentando se levantar dolorido da longa queda.
- Parecia um
monstro vestido com armadura – o bárbaro procurava seu machado, mas não
conseguia encontrar.
- Zalian, luz – O
jovem artimago ascendeu uma tênue luz na palma de sua mão após o pedido de
Manffer. – Aquilo, amigos, era o guerreiro de aço.
Os aventureiros
se entreolharam com a iluminação precária, não se podia ver a expressão de
Manffer, mas ele estava pensativo tentando entender onde estavam.
Zalian
intensificou a luz em suas mãos e os quatro puderam ver onde estavam. Era uma
antiga forja, grandiosa, com todos os equipamentos essenciais, entre outros que
não eram comuns, e muito menos conhecidos. Tudo parecia limpo e muito bem
cuidado. Uma forja que era constantemente utilizada a julgar por sua
organização, mas não podia se encontrar nenhum tipo de matéria prima, ou armas,
nem mesmo armaduras, só havia os equipamentos.
- Como pode
existir um guerreiro de aço? – Barthrer vasculhava o local em busca de armas,
mas só encontrou seu próprio machado.
- Só vimos uma
silhueta, não se pode afirmar que seja ele – Tharyn observava uma grande
marreta que julgava não conseguir levantar de tão pesada, talvez nem mesmo
Barthrer consiga, pensou - ele estava tentando nos intimidar...
- E conseguiu! –
completou Zalian rindo.
- Vamos continuar
andando. – Manffer assumiu a dianteira sendo seguido pelos outros.
A caverna parecia
menos úmida à medida que caminhavam em direção as suas profundezas. O caminho ficando
mais largo. Colunas escoravam o teto. Logo as paredes da caverna foram
substituídas por paredes ornamentadas com entalhes em baixo-relevo, desenhos
que contavam histórias de batalhas antigas se revelavam detalhados como uma
pintura.
Chegaram onde
parecia ser o salão principal de algum palácio que foi a muito tempo habitado,
mas não havia ninguém, nem som, nem luz, muito menos fogo. Estava abandonado,
porém, limpo. O teto era alto a perder de vista na
escuridão, extenso em comprimento, poderia abrigar um número elevado de pessoas
confortavelmente.
Seguiram e
encontraram uma porta que estava aberta ao fundo do salão. Sua entrada media
quatro metros de altura e de largura. Seu interior era iluminado por uma luz
que vinha do alto e se espalhava por todo sala. Ao fundo havia uma cadeira, que
poderia se passar de um trono todo feito de aço, ornamentado com detalhes em
preto. Ficava em um lugar mais elevado, com três largos degraus. A sala possuía
saídas laterais de ambos os lados, e de trás da parede de onde estava a grande
cadeira de aço se ouvia sons, como se alguém estivesse procurando algo jogando
tudo no chão com a pressa.
Os quatro
aventureiros se esconderam atrás de uma das grossas colunas que sustentavam a
sala quando o barulho sessou e pareceu ter desisto da procura, ou talvez
encontrado o que buscava.
Era o ferreiro
que saía de trás de uma das laterais, a oposta de onde eles estavam. Sua
expressão de desespero o condenava, estava estampado em seu rosto que era
culpado. Com passos apressados cruzou a sala em direção à porta.
- Esse miserável!
O bárbaro tentou
interceptar o ferreiro, mas Manffer o fez parar e pediu para ele esperar com um
sinal.
O ferreiro quando
chegou à porta ficou paralisado, recuou alguns passos tremendo de medo.
- Por favor, não!
Por favor, não! – repetia ele sem parar.
Suas pernas
falharam e ele caiu sentado no chão enquanto recuava andando para trás.
- Por favor, não
me mate! Por favor! Eu vou devolver suas armas! P-por favor.
- ENTÃO VOCÊ
VOLTOU PARA BUSCAR O QUE NÃO CONSEGUIU LEVAR DA ÚLTIMA VEZ, LADRÃO?
Da porta saíra à
voz carregada de ódio. Os passos pesados ficaram próximos, quando finalmente
cruzou a porta o que seria uma grande armadura feita de aço cinza fosco, com
símbolos negros pintados. Possuía mais de três metros de altura, larga e forte
como um touro. Não havia partes orgânicas, apenas aço. Aparentava pesar mais de
trezentos quilos. Segurava uma espada quase tão grande quanto ele, feita do
mesmo material.
- Por favor! Eu
devolvo tudo! Eu prometo que nunca mais volto aqui.
- CERTAMENTE VOCÊ
NUNCA MAIS VOLTARÁ AQUI. EU VOU GARANTIR.
O Guerreiro de
Aço levantou o ferreiro pelo pescoço com uma das mãos com toda facilidade de
quem levanta um livro pequeno, seus pés ficaram a um metro e meio do chão.
- Salvar o
ferreiro
- Deixar o
ferreiro morrer
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