Diziam os antigos que em um reino que há
muito tempo desapareceu, foi governado por um tirano que se orgulhava de ser
impiedoso e desprezível. O Rei Tirano era apaixonado pela mais bela das
princesas, a jovem e sonhadora Bela, que um dia seus maiores pesadelos se
tornaram realidade. Tirano após uma terrível batalha devastou o reino natal da
donzela apenas para tê-la como sua rainha. Mas o rei não esperava a revolta da
princesa que negava qualquer tentativa de aproximação de Tirano; com chutes,
mordidas, gritos ensurdecedores; sem se importar com as ameaças que recebia.
Cansado, Tirano resolve aprisionar Bela em seu calabouço e apenas a soltaria
com a única condição de aceitar se casar com ele.
- Minha, minha senhora, você deve se casar com o Rei. Sim, você. Não vai resistir muito tempo aqui. – dizia o bobo da corte. Uma figura exótica que desagradava qualquer primeiro olhar, mas o único que realmente se importava com a princesa.
- Minha, minha senhora, você deve se casar com o Rei. Sim, você. Não vai resistir muito tempo aqui. – dizia o bobo da corte. Uma figura exótica que desagradava qualquer primeiro olhar, mas o único que realmente se importava com a princesa.
- Nunca! Eu já disse!
Prefiro a morte a me casar com ele.
- Mas, mas princesa...
- Eu não vou Bobo.
Sempre sonhei que me casaria com um príncipe de verdade. Lindo, corajoso e
galante. Que me salvaria de qualquer perigo. Sei que está lá fora, e um dia
virá para me salvar.
- Bobo pode roubar as
chaves do soldado e salvar princesa. Sim, pode.
- Obrigada Bobo, mas
nós não chegaríamos ao portão do calabouço. Acho que só meu príncipe guerreiro
e corajoso pode me salvar.
- Mas Bobo vai dar um
jeito, sim vai. Ele vai, vai sim... – Dizia o bobo da corte saindo com seu
andar desajeitado após receber o sorriso de Bela.
O exótico amigo
da princesa, conseguia tirar-lhe sorrisos. Era a única diversão que ela tinha.
Todos os dias ele ia vê-la, que caprichava nas piadas e nas brincadeiras. Cada
dia levava uma distração diferente à tão solitária princesa.
O calabouço
parecia que a cada dia ficava mais frio e escuro. Algumas vezes podia se
escutar gemidos terríveis de dor em algum lugar nas profundezas do tão
desprezível local, que parecia não ter fim. Paredes macabras e úmidas fediam
tanto que dava certeza à princesa que não foi a primeira a estar naquele lugar.
Seu único contato com pessoas eram nas horas das refeições, quando um carcereiro
levava sua comida, que fedia talvez tão mal quanto sua cela, e quando Bobo iria
visitá-la, há única hora feliz do seu dia.
- Quando meu príncipe
irá me salvar, era para ter fugido em quanto podia. Era para fingir que gostava
dele, e fugir para nunca mais voltar. Porque eu não pensei nisso na hora. Por
quê?... – lamentos que se tornaram comuns com o passar dos dias.
Mas não havia
dias, eram somente noites... Mas lá estava novamente Bobo para alegrá-la, dessa
vez seu andar parecia ainda mais caquético e arrastado e sua corcunda mais
evidente.
- O que aconteceu com
você?
Com uma súbita cambalhota
ele responde:
- Eu, eu. Bobo só
estava se preparando para o giro.
E assim foi mais
uma noite de travessuras do bobo, mais uma vez cheio de novidades, notícias dos
reinos visinhos, entre outros assuntos do agrado da princesa. Mas o que Bela não
sabia, era que todas as vezes que Bobo iria visitá-la ganhava um severo
castigo. A mando do Rei Tirano, todos que iam visitar a princesa seriam
açoitados. O Rei queria castigar com a solidão, e também um modo de mostrar a
ela que a quem cativasse seria severamente castigado, até que substitua por
ódio o carinho por ela, assim sua solidão seria ainda maior. Mas a isso, a
princesa nunca chegou ah saber. E todos os dias Bobo estava lá, sempre com uma
historia para explicar a dificuldade de andar, ou caretas de dor, mas nunca sem
um sorriso no rosto.
Certo dia, o
castelo do Rei Tirano foi atacado, se ouvia o som da grande batalha até no mais
profundo do calabouço.
- Meu príncipe veio
me salvar!
Quando se ouviu o
abrir apressado da porta da cela da princesa.
- Bobo falou que
tiraria princesa. Bobo falou sim – dizia pegando no braço da princesa para
tirá-la de sua cela, que parecia ficar cada vez mais quente. – Bobo roubou
chave do guarda, sim roubou.
Ele com seu andar
torto e desequilibrado, a conduziu até o salão principal do castelo, quando
Bela viu o que tanto gostaria de ver.
- Meu príncipe!
- Meu príncipe!
Foi o que disse
quando viu o Príncipe Verdadeiro, é... Esse é seu nome, Verdadeiro. Era como a
princesa sempre imaginou: lindo, forte, seus cabelos loiros esvoaçantes,
segurava uma espada que parecia nunca ter sido usada, a julgar por seu brilho
ofuscante.
- O que essa bela
moça está fazendo nesse lugar horrível?
Mal o príncipe
terminou de falar, se escutou um estrondo vindo do calabouço, que ardia em
chamas.
- Você me salvou!
Obrigada! – disse a princesa correndo para os braços do príncipe dos seus
sonhos.
A essa altura, Bobo havia sido deixado de lado, sozinho, abandonado em um canto, enquanto a princesa sorria como nunca, se derretendo diante do príncipe Verdadeiro.
A essa altura, Bobo havia sido deixado de lado, sozinho, abandonado em um canto, enquanto a princesa sorria como nunca, se derretendo diante do príncipe Verdadeiro.
Desde em tão, foi
prometida em casamento ao Príncipe, e foi morar em seu castelo.
- Um brinde a mais
bela das princesas! – ergueu a voz Verdadeiro no banquete em honra a sua futura
união – um presente dos céus a mim. Quem diria que Tirano teria uma jóia tão
bela guardada em seu castelo? Uma feliz surpresa para mim é claro!
- A sorte é toda
minha.
- Não seja tão
modesta, minha linda princesa. Um homem de verdade, precisa de uma bela esposa.
Seus primeiros dias
no castelo dos seus sonhos foram perfeitos, banquetes dignos da realeza,
tratada como há muito tempo não era tratada, como uma princesa. Já havia se
esquecido de o quanto gostava da vida cheia de mimos.
Mas só duraram os primeiros dias... Logo Bela teve sua primeira decepção. Proibida pelo príncipe Verdadeiro de ir ao festival das flores, do qual, sempre fizera questão de estar sempre que podia.
Mas só duraram os primeiros dias... Logo Bela teve sua primeira decepção. Proibida pelo príncipe Verdadeiro de ir ao festival das flores, do qual, sempre fizera questão de estar sempre que podia.
- Você tem deveres a
cumprir – diz verdadeiro – sua beleza não deve ser apreciada por todos, é
privilégio só meu. Único e exclusivo meu!
- Você não pode fazer
isso comigo! E que deveres são esses?
- No meu futuro
reino, as mulheres não saíram de suas casas. O mundo foi feito para os homens,
as damas devem sempre ficar na segurança de seus lares. E você como minha
futura esposa, deve servir de exemplo. Não admito que nenhum homem tenha o
prazer de ver a minha tão bela mulher antes do dia do nosso casamento, e mesmo
após, sua beleza será sempre bem guardada por essas muralhas, não permitirei
que essa visão se perca pelo mundo.
Com um gentil beijo
na mão de Bela, o príncipe se despede, deixando a pobre donzela em prantos ao
ver as portas sendo trancadas, uma a uma. Ela descobrira que nunca havia
deixado de ser prisioneira. Mesmo com tanto conforto, estava condenada a viver
presa no castelo. E assim os dias foram passando, sem Bela poder sair do
castelo, muito mal de seu luxuoso quarto. Só podia se comunicar com outras
mulheres, e sempre as mais vividas, para não influenciá-la a vida de sonhos de
uma jovem.
- Isso não é o que eu
sempre sonhei... Queria um príncipe que me amasse de verdade, não que me
fizesse prisioneira. Nem mesmo no jardim eu posso ir. Será que a vida que eu
sempre sonhei, eu nunca terei? Será um sonho tão impossível quanto voar? Talvez eu devesse continuar presa naquele
calabouço, e esperar o meu príncipe verdadeiro me salvar...
Numa certa manhã, decidida a não mais viver nessas condições, começou seu plano que julgava infalível. Correu até a cozinha e comeu tudo que conseguia.
Numa certa manhã, decidida a não mais viver nessas condições, começou seu plano que julgava infalível. Correu até a cozinha e comeu tudo que conseguia.
- Se eu não for tão
bonita, o príncipe vai me deixar. – pensava Bela.
Todos os dias em
segredo, a pobre donzela se dirigia a cozinha e devorava todo tipo de comida,
até não aguentar mais. Após sua barriga esvaziar, continuava a comer. Nesses
dias se trancava no quarto e não permitia a entrada de ninguém, nem mesmo de
seu príncipe, até chegar o dia do seu casamento.
A cerimônia já
estava preparada, todo reino esperava ansiosamente a entrada da futura princesa
do reino. Seria sua primeira aparição em publico. Mas quando finalmente entrou,
para a surpresa de todos, mal conseguia andar, com tanto peso, tão gorda que o
vestido não passava de seus braços. Perguntavam-se que seria essa a famosa
Bela, dona de uma beleza sem igual. Risos começaram por todas as partes.
Humilhado, Verdadeiro desfaz a futura união a gritos.
- Não é com esse
monstro que vou me casar! Você não é mais digna desse castelo.
Bela havia
conseguido o que queria, mas não estava feliz. Logo mergulhou em lagrimas em um
bosque.
- Agora quem vai me
desejar? Nunca mas um príncipe vai me salvar. Quem pode querer uma gorda e
feia?
- Princesa – a voz familiar saia de trás de uma árvore – para, para mim, continua tão bela como sempre foi e será.
- Princesa – a voz familiar saia de trás de uma árvore – para, para mim, continua tão bela como sempre foi e será.
-Bobo! Quanto tempo!
Desculpe por te deixar. Eu, eu... Mas como pode dizer que continuo bela? Você
não está me vendo?
- Tudo bem minha,
minha senhora. Para mim, princesa, o mais bonito em você é seu sorriso, sim, é
sim. Isso bolo nenhum pode mudar. Escuta Bobo, sabe que ele não mente para sua
senhora. Não mente, nunca mente.
- Mas Bobo...
- Venha com Bobo, ele
vai cuidar de sua princesa. Vai sim.
O exótico bobo da corte, não parecia tão estranho quando o observava direito. Bobo parecia ter melhorado sua postura, queria impressionar sua Bela, sim queria. Ele cuidou dela até o último dia de suas vidas, quando já não era tão bobo e ela já não tão bela.
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